Antes




Eu tentei. 

 Juro que eu tentei de todas as formas que já estavam em meu alcance. Mas não aguento mais. É as vezes revoltante como que a gente age de forma que não deseja ao invés da forma que desejamos. Tudo que eu mais desejava do fundo do meu coração era voltar a ter o coração de menina que acreditava, conseguia se entregar, receber e dar. Eu quis acreditar e lutei com todas as minhas forças para que ele me curasse de dentro do nosso relacionamento. Mas tenho tanto medo de que ele acabe desgostando de mim que eu vou precisar afastá-lo para eu ter um motivo para mudar. Ele não merece mais ter uma versão tão ruim de mim. Eu não sou assim, eu não estou bem e não consigo ficar. Parece que meu coração está despedaçado. Eu não queria que ele entrasse na minha vida assim. Eu não sei em que ou em quais momentos ergui um muro tão alto, tão grosso, tão espeço. Eu olho no espelho e não me reconheço. Não sinto que tenho brilho. A não ser quando ele, como um farol me ilumina. Mas muitas das vezes, antes disso eu sou impaciente com ele. Eu as vezes não sinto vontade de fazer nada, não consigo retribuir e dar carinho. A rejeição, a desistência de nós, o sentimento de não ser suficiente depois de ter tentado dar tanto. E eu não quero que ele se sinta assim comigo, porquê ele é perfeito, e se continuar assim tenho medo de que ele desista de mim. Eu preciso fazer isso por ele, por nós, por mim mesma. Porquê se eu o perder, por causa de meu estado, eu não vou me perdoar. Eu acho que meu pai biológico tem muito a ver com isso. E eu acho que é por isso que nem consigo o chamar de pai quando me refiro a ele com as pessoas. Acredito que nesse processo a primeira pessoa que terei de perdoar, antes de qualquer um outro é ele. E só pensar nisso me ardo toda. Deveria ser impedido pessoas conseguirem ter poder sobre nós como tem. Deveria ser proibido terem influência sob nossa felicidade. Principalmente quem nos deu a vida. Isso deveria ser muito bem pensado. Muito planejado, muito importante. Mas o que há de consequências por inconsequências no mundo não esta descrito. Eu quero quebrar o ciclo. Eu falo isso desde o dia que aceitei – depois de muita insistência – sair com o Paulo Victor. Eu quero ser a pessoa onde acabe isso na minha família. Eu quero ter, construir, dar e ser o que eu não tive. E eu quero que seja com ele. Eu sinto que é com ele. Ele tem e é absolutamente tudo que sempre busquei, procurei, e ele fala que eu também sou. Mas eu não me sinto assim, porquê sei como sou e como estou. As histórias cíclicas que vivi até aqui me transformaram em uma pessoa que eu não conheço e não gosto. Uma versão feia, que, ainda assim, por algum motivo, ele se apaixonou. E ele trouxe para fora. E eu não posso permitir o perder por estar assim impaciente, fria, "ranzinza", velha, sem ânimo, sem vontade, estressada, irritada por tudo, sem luz, sem estar satisfeita com nada mesmo tendo tudo. Ele diz que está tudo muito bom para ele, mas não está para mim. Uma coisa que não sou é cômoda ou conformista. Eu sei o que ele me oferece, e ele merece receber, acho que diz que está bom porquê ainda não recebeu tudo que merece, e ele também merece que eu o apresente isso, como ele diz que eu o apresentei o amor que ele sente. Se existe uma pessoa que merece é ele. Se tem alguém que precisa conhecer isso é ele. E eu preciso fazer isso por ele. Não sei se ele vai entender. Por isso, essa decisão dura, difícil, que tomo com medo, com incerteza, angustia, mas entregando e precisando confiar na força e no poder do amor de verdade. O amor da nossa vida que pode ser o amor para a nossa vida. Eu não quero mais não viver os momentos intensos, felizes e bonitos ao lado dele por estar com o coração aprisionado. E para quebrar, dói. Mas dói mais estar assim, quando o que mais quero é estar radiante, leve e feliz de novo. Eu quero dar o que meu coração quer, mas minha cabeça programada não corresponde. Eu quero me entregar como ele merece. Quero acompanhar em cada movimento, em cada prato feito, em cada café da manhã, em cada cuidado, em cada lágrima, em cada dor. Ele não sabe o quanto me traz para mim e para fora. E eu quero ser o mesmo para ele. E, se para isso, precisamos de um tempo longe, eu espero que ele entenda ou, ao menos confie e acredite em mim. É uma jornada de riscos e medos, mas eu sei que se esse amor for do jeito que é, valerá muito e terá um final feliz muito esperado, desejado e bem aproveitado. Ele é tudo em um, feito sob medida para mim. Por isso tomei a decisão de encerrar esse ciclo no dia 17. E voltei a escrever, porquê a escrita é uma forma de aliviar minha alma, meu coração. Quem sabe eu não faça isso todo dia a partir de agora. Minha psicóloga sempre me orientou a isso. Enfim.. coração apertado, mas acredito estar fazendo a coisa certa para todos. Só não sei como conduzir.. talvez, no caminho. Ainda me sinto com ele. 

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